TURQUIA
ISTANBUL, capital
Escutei tantas mentiras sobre o perigo na Turquia que demorei para decidir viajar sozinha para lá. Sempre que buscava na internet um lugar para minha próxima viagem, cruzava o mouse pela Turquia e pensava: um dia vou para lá! Esse dia chegou com a decisão de ir sozinha mesmo, uma vez que nenhuma amiga estava livre para me acompanhar nas datas disponíveis para mim.
Enfim, passei doze dias andando sozinha neste país, começando por Konya, a cidade espiritual da Turquia, depois visitei Cappadocia e Istanbul.
Istambul serviu como capital imperial por quase 1600 anos: durante os impérios romano/bizantino, latino, bizantino tardio e otomano, que ocorreram entre 330–1922.
A cidade desempenhou um papel fundamental no avanço do cristianismo durante os tempos romanos / bizantinos, hospedando quatro dos sete primeiros concílios ecumênicos antes de sua transformação para uma fortaleza islâmica após a queda de Constantinopla, tornando-se a sede do califado otomano em 1517.

Cheguei no aeroporto de Istambul e não fazia ideia de como ir ao centro. Dizem que os taxistas rodam por horas antes de levar o turista ao seu destino, cobrando além do justo.
No entanto, quando eu estava no guichê de informações, uma simpática senhora se achegou oferecendo para me levar até o ônibus.
Lá encontrei um casal de brasileiros que já conhecia o trajeto e, com a ajuda deles, depois de andar de metrô e trem urbano, cheguei ao meu destino que era ao lado da Sultan Ahmet Square.
SULTANAHMED MEYDANI
Praça Sultanahmet ou Hipódromo de Constantinopla, anteriormente era o centro esportivo e social de Constantinopla, capital do Império Bizantino.


É nesta praça que se encontram as mesquitas mais famosas da Turquia: Hagia Sophia e Blue Mosque.


HAGIA SOPHIA MOSQUE
A Hagia Sophia foi construída em 537 pelo imperador romano oriental Justiniano I como a catedral cristã de Constantinopla, antes de existir o próprio islamismo.
Ela foi formalmente chamada de Igreja da Santa Sabedoria, um ícone arquitetônico e cultural da civilização bizantina e ortodoxa oriental. Seu estilo arquitetônico foi imitado pelas mesquitas otomanas até mil anos depois.

Após a queda de Constantinopla para o Império Otomano em 1453 a Hagia Sophia foi convertida em mesquita pelo Sultan Mehmed, o Conquistador, e tornou-se a principal mesquita de Istambul até a construção da Mesquita dele, que fica em frente à Hagia Sophia, a Blue Mosque.
Em 1935, depois de fechada ao público por quatro anos, Hagia Sophia foi reaberta como um museu sob a secular República da Turquia. Em julho de 2020, o Conselho de Estado anulou a decisão de estabelecer o museu e a Hagia Sophia foi reclassificada como mesquita.



O interior da Hagia Sophia também foi inovador em sua decoração. Forrado com enormes lajes de mármore que parecem ter sido escolhidas e desenhadas para imitar a água em movimento. A cúpula central é flutuante sobre um anel de janelas e suportada por duas semi-cúpulas e duas aberturas em arco.
Para entrar na mesquita é necessário usar uma roupa apropriada e tirar os sapatos: mulheres com ombros e os cabelos cobertos.



BLUE MOSQUE
Também conhecida pelo seu nome oficial: Mesquita do Sultão Ahmed, foi construída no local do palácio dos imperadores bizantinos, em frente à Hagia Sophia, 1616, em um local simbólico significativo, uma vez que domina o horizonte do sul da cidade.

Azulejos azuis pintados à mão adornam as paredes internas da mesquita e, à noite, quando ela é banhada em azul, as luzes emolduram as cúpulas principais e secundárias e os minaretes.
Infelizmente ela estava sendo reformada quando estive lé e estas são as únicas partes que vi do seu interior.Inclusive da para ver na foto do mapa que ela tem forma de cruz.
Para entrar na Blue Mosque é necessário usar a roupa apropriada e tirar os sapatos.
Durante as horas de culto a mesquita está fechada para turistas.



À noite, pela janela aberta do meu quarto entrava o frescor do ar noturno e o suave som das mesquitas de Istambul.
Na praça, escutei as vozes vindas da Hagia Sophia e Blue Mosque. Eles pareciam conversar.
SULTAN AHMET TOMB
O Sultão Ahmed I foi um Império Otomano. Assumiu o trono aos 13 anos e rompeu com a tradição de fratricídio em sua entronização.
Sua tumba, oncluída em 1619, é decorada com azulejos de Iznik e encimada por uma cúpula, contendo belos exemplos de madeira, azulejos e caligrafia otomanos.
Apesar da beleza do lugar, seus ocupantes estão cheios de contos trágicos, lutas pelo poder e enganos.

Ele está enterrado ao lado de sua esposa, Kösem Sultan, que se tornou uma das figuras mais poderosas da história do Império Otomano.
Outros sultões também estão enterrados lá.



No final do dia, no retorno do meu passeio pela cidade, eu costumava caminhar pela Sultanahmet Square assistindo as pessoas comendo reunidas. Perguntei sobre o que faziam lá e descobri que aquele era o mês do Ramadan, o nono mês do calendário islâmico no qual a maioria dos muçulmanos pratica seu desjejum ritual, às 18hs.


Este é um tempo de renovação da fé, da prática mais intensa da caridade e da vivência profunda da fraternidade e valores da vida familiar, um período de maior proximidade aos valores sagrados, leitura mais assídua do Alcorão, frequência da oração na mesquita, correção pessoal e autodomínio.
Por volta das 17hs a multidão começava a buscar um lugar para colocar uma toalha e as comidas. As 18hs as mesquitas começavam a cantar e o desjejum iniciava. Uma van distribuia sopa e pão para os que não tinham tempo de levarem sua refeição.
Estes foram os cenários para o final de tarde dos três dias que pousei em Istambul.


Pertinho da praça, o artesão pratica com habilidade a sua arte de tecer tapetes turcos.

TOPKAPI PALACE MUSEUM
O Palácio Topkapi, que é um dos palácios mais antigos do mundo, serviu como centro administrativo do Império Otomano por cerca de 400 anos. Construído na ponta da península de Istambul, o palácio fica em um ponto exclusivo com vista para o Corno de Ouro, o Bósforo e o Mar de Mármara. Nos séculos XV e XVI, serviu como residência principal e sede administrativa dos sultões otomanos e hoje faz parte das áreas históricas de Istambul, um grupo de locais que a UNESCO reconheceu como Patrimônio da Humanidade em 1985.


ADALET KULESI NO TOPKAPI PALACE MUSEUM
A Torre da Justiça foi o primeiro prédio que visitei, uma extensão do Palácio Topkapi, facilmente reconhecível pela torre mais alta construída por Mehmet II depois que capturar Constantinopla.

No interior da Torre da Justiça tem um grande salão completamente decorado com afrescos dourados.



O Museu do Palácio Topkapi é notável não apenas por sua arquitetura e as coleções, mas também pela história e a cultura do Império Otomano.
Além do grande salão, ele mantém uma coleção de relógios antigos.




TOPIKAPI PALACE HARÉM
Harém é uma palavra árabe que significa "proibido". É o lugar onde os sultões viviam com suas famílias. Foi a residência dos membros da dinastia otomana e das mulheres da classe alta durante séculos. Também funcionava como uma escola com suas próprias regras e hierarquia.
A construção do Harém do Palácio de Topkapı, escondida com muros altos do Selamlık e outros pátios do palácio, iniciou com a relocação do Sultão Suleyman, o Magnífico, juntamente com sua esposa Hürrem Sultan e sua família.
Logo que entrei visitei o grande salão de dois pisos onde moravam as outras esposas do Sultão com seus filhos.



Exceto pelos eunucos que guardavam as instalações, o território era privado do sultão, dos seus filhos e dos outros homens.

O Harém era um lugar onde ninguém tinha permissão para entrar e sair, exceto os sultões, a mãe do sultão, esposas e filhos, o Qadi, o chefe consorte, as concubinas e os eunucos.
Outras mulheres podiam entrar com facilidade, mas não podiam sair.




As instalações sanitárias do harém eram simples, mas bem adequadas para a época e a cultura.




O Harém do Palácio de Topkapi é extremamente importante em termos de arquitetura e sua representação dos estilos pertencentes ao período do século XVI ao século XIX.
As diferentes lareiras foram construídas de acordo com o ambiente, sendo que a decorada com ajulejos estava no salão das esposas do Sultão.


O Harém era um labirinto com cerca de 300 câmaras conectadas por corredores de azulejos brilhantes do final do século XVI.
Mais de 1000 senhoras no Harém, crianças e eunucos o chamaram de lar (ou prisão) em seu auge.





Do lado de fora do Harém, nos pátios e jardins seguem os azulejos brilhantes.


Os aposentos do Sultão dentro no Harém são decorado com azulejos Kutahya e Iznik e é uma das seções mais bonitas e elegantes do palácio.




Mostrando aqui um pouco do glamour das instalações sanitárias do Sultão no Harém.



O Harém é o ponto mais cobiçado pelos turistas, inclusive tem que pagar uma entrada especial para visitá-lo.
ENDERUN LIBRARY
A adorável Biblioteca Enderun (também conhecida como Biblioteca do Sultão Ahmed III) foi construída pelo arquiteto real Mimar Beşir Ağa em 1719 para uso da casa real. A biblioteca tem a forma de uma cruz grega com um salão central abobadado e três vãos retangulares. O quarto braço da cruz consiste no pórtico (alpendre), que pode ser acessado por um lance de escadas de ambos os lados.




Paredes riquíssimas em azulejos decorados estão por todos os lados no complexo do Topikapi Museum.



Do lado de fora da Enderun Library, no caminho para outros ambientes, cruzei por um longo corredor aberto para o parque.



O complexo do Topikapi Palace Museum consiste em quatro pátios principais e muitos prédios de diversos tamanhos.




Os interiores deste prédios atendiam diferentes usos e a maioria mantinha sua vista para o jardim.



Quase todos os prédios conectam-se com os jardins através de varandas.



PRIVY CHAMBER
Por esta varanda entrei para conhecer a câmara Privada, uma residência real.





Depois de visitar o o Topkapip Palace sentei na Maya`s Corner Cafe para descansar e tomar um gostoso café turco. Também visitei a Yoruk para ver umas roupas.



Logo depois passei por este condomínio com casas turcas e observei o rendado nas janelas resgatado da arquitetura árabe.





GüLHANE PARK
Parque Gülhane ou Rosehouse é o mais antigo parque urbano de Istambul. Ele fica ao lado do Topkapı Palace ostentando um dos maiores portões do palácio.
Passear no meio das flores fez eu me sentir muito bem, o que me fez ficar por um longo tempo admirando o parque.



Esta é uma das muitas galerias abertas no centro velho de Istambul.


MISIR ÇARSISI
O Bazar Egipcio, também conhecido como o Bazar das Especiarias, é um dos maiores da cidade. O edifício faz parte do complexo da New Mosque.
Após o Grande Incêndio de Istambul que começou em 24 de julho de 1660 e destruiu muitos bairros da cidade, um grande esforço de reconstrução e redesenvolvimento incluiu a retomada das obras de construção da Mesquita Nova e o início da a construção do Bazar das Especiarias.



Caminhar por Istambul sem comprar chás, doces e ervas seria como se eu não tivesse passado por lá.




YENI CAMI MOSQUE
Concluída em 1665, a mesquita imperial otomana chamada New Mosque é um exemplo do período do Sultanato das Mulheres no Império Otomano e está situada no Corno de Ouro, no extremo sul da Ponte de Gálata.


Tal como acontece com outras mesquitas imperiais em Istambul, a New Mosque é precedida por um pátio monumental. As purificações rituais reais são realizadas com torneiras de água na parede sul da mesquita. Blocos de pedra fornecidos da ilha de Rodes foram usados na sua construção.

O interior da New Mosque é decorado com azulejos İznik azuis, verdes e brancos. Entrei e me dirigi para a ala das mulheres onde fiquei por um longo tempo observando seus movimentos.


KAPALIÇVARSI
O Grande Bazar é um dos maiores e mais antigos mercados cobertos do mundo, parecendo uma cidade com 61 ruas cobertas e mais de 4.000 lojas.
Cansada de andar pelas rua abarrotadas de pessoas, não me estimulei para caminhar muito pelo bazar e logo sentei para tomar um café.



O café turco, confirmado pela Unesco como Patrimônio cultural imaterial da humanidade, é um modo de preparar e servir o café com um tipo de grão árabe moido ao ponto de ter consistência de farinha. Ele é super concentrado e servido em taças pequenas sem alça, com ou sem açúcar.
Esta bebida é comum no Oriente Médio e nos países balcânicos, tradicional em restaurantes turcos, armênios e balcânicos.


Depois de passear pelo Grande Bazar, enfrentei as populosas ruas de Istambul para chegar ao Eminonu Pier.


EMINONU PIER
Na beira do Rio Bósforo estava o barco para me levar através nas águas e conhecer a Istambul européia de um lado e a Istambul asiática do outro.


Istambul é a única cidade do mundo que está espalhada por dois continentes, com o estreito de Bósforo formando a linha divisória entre a Europa e a Ásia. O Corno de Ouro, uma enseada proveniente do Bósforo, também divide o lado europeu de Istambul em duas metades: norte e sul.



O barco foi e voltou para a Istambul da Europa, onde passei minha terceira noite escutando, pela janela do meu quarto, o canto das mesquitas.



Assim é Istambul! No aeroporto internacional de Istambul embarquei em um avião para voltar à Irlanda.